terça-feira, 5 de maio de 2009

RITOS FÚNEBRES BANTO

RITOS FÚNEBRES BANTO (3)
CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 2

KONGO
A atitude dos povos Congoleses que enfrentam a morte é quieta e serena. A pessoa não morre, a pessoa muda de vida. Uma morte não tem nada terrível, embora as demonstrações de lamentar possam parecer excessivas. Os rituais funerário servem para mostrar os sentimentos dolorosos provocados no lado de fora pela morte. O grau social do defunto o confere um tipo de cerimônia funerário, muito particular para o chefe ou o rei tradicional. A morte é tida em segredo até a escolha de seu sucessor. Seu corpo súbito dos rituais especiais que invocam os antepassados a momentos precisos da noite, para lugares excepcionais. Ele é enterrado com muitos ornamentos simbólicos que fazem insinuação à história da comunidade, para a riqueza cultural e para as distinções do indivíduo. As delegações advertidas de uma morte trazem com eles uma contribuição, em natureza ou em dinheiro que eles darão aos homens e as mulheres que são encadernado por matrimônio para a família do extinto Ela será mais importante que o que eles se têm recebidos na hora de uma morte prévia na família deles, isto para devolver o que eles receberam e de forma que a família lamentando está endividado em sua volta. Estas contribuições são necessárias, porque durante o período inteiro dos rituais, a família tem que prover às necessidades de todos os membros das delegações. O corpo do defunto é exposto a seu domicílio durante um dia e os membros de sua família deixam toda a atividade e se encontram ao redor do corpo para lhe devolver uma última homenagem.
Responsabilidade da morte.
O Congolês vai, assim, procurar a razão da morte. Ele se perguntará o que fora de agente realmente poderia provocar a morte. O resultado desta pesquisa quase sempre é com desespero. Então, há um ofensor, um culpado. O banto não procura sua ovelha preta" muito tempo (sem jogo de palavra!) Os acusados podem tentar para se justificar a eles em discussões infinitas, ele pode negar, ele sempre acabará submetendo, aceitar o destino contrário. Ele apoiará a dor infligida, sem última contestação.
Os lamentadores são as mulheres que gemem para o morto. Elas guiam, por palavras, das canções, dos gritos e as lágrimas, as melodias funerário e os gestos de desolação funda a mente do morto para sua última casa. É um ato social sagrado.
Na família lamentando, a pessoa corta seu cabelo ou a pessoa está contente com desfazer o entrança. As mulheres só usam só uma tanga, elevada sobre os peitos, e os homens, uma tanga e uma camisa. Tradicionalmente, a pessoa se cobre a face e os braços de giz branco. O cuidado trazido ao corpo é feito pela família ou os membros da comunidade. O dia seguinte, o corpo é dirigido para sua última casa, para o cemitério.
O defunto é alongado, coberto com peles de animais, em uma maca continuada os ombros de homens se aproxime do defunto. Eles começam a procissão para a tumba, através de passos hesitantes pequenos, embriagado debaixo do peso da aflição. Para três passos para o frente, eles fazem dois para a parte traseira, proeminente assim o testamento do morto para demorar a colocação em terra e seu anexo para seu. O primogênito pronuncia palavras de despedida ao defunto. Cada um lança a terra no corpo coberto de uma pele ou uma folha.
Depois do enterro, a pessoa coloca recipientes de comida e bebe novamente nos frescamente fecharam a tumba. Esta comida e bebidas são judiciosas para ser roubada de noite para satisfazer o defunto por último tenha fome.
Ao retorno, a pessoa lava as mãos, a pessoa raspa a cabeça e a família do defunto se oferece para beber e comer aos convidados. A pessoa administra o inventário de bens então e o primogênito escolhe tudo o que ele quer e a divisão então com sua comunidade.
O culto dos antepassados é constante na África. O indivíduo falecido se junta ao mundo das mentes, um espaço paralelo para o seu sustento. A alma contínua para evoluir, com suas qualidades ou faltas. O importante é que do defunto não é esquecido e que ele se torna um Antepassado. O morto continua, pelo além, se interessar pela vida de sua família e é capaz agir no curso do envolvimento. A família do morto espera beneficiar então deste protecionismo (paternalismo?). O defunto é materializado em estatuárias que eternizam sua memória. As práticas funerário podem durar vários anos.
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KONGO DE ANGOLA (Batsíkama)
Existem dois tipos de morte, consideradas normal e anormal. A primeira é causada por Deus, “Ele próprio que dá vida, e porque não tirá-la?”, conforme pergunta a sabedoria. A segunda é causada por NDOKI, KADYA MPEMBA, MANDINGU, ZUMBI etc. respectivamente feiticeiro, satanás, espíritos voadores notívagos, mortos vivos. Portanto, quando morre uma pessoa procede-se, primeiro, a circulação da informação, que passa de casa para a aldeia nesses termos: “Nzambi vonde muntu”, o que quer dizer “Deus matou uma pessoa”. Esta é a morte normal. Os ritos fúnebres, as exéquias realizam-se de acordo com a idade e a função social do defunto. A informação pode também circular dessa outra forma: “Badidi muntu”, ou seja, “Comeram uma pessoa”, significando que ocorreu uma morte anormal. Assim, a sociedade é em primeiro lugar informada, e depois conscientizada de que está enlutada.
No caso de uma criança, os funerais são simples: lavagem do cadáver, choros e cerimônias dos especialistas no assunto (NGANG’A MVUMBI, NGANGA VUTULA etc.), o enterro e, no fim, os debates entre as quatro famílias do defunto. Isto não leva muitos dias, geralmente dois. No caso de recém-nascido, os pais são submetidos a certos ritos, principalmente a mãe, e muitas vezes a “tabus” (KIJILA ou MBASU).
Se morre um jovem, serão tidas em conta as sociedades secretas e normais pelas quais passou enquanto vivo: NZO’A LONGO, KIKÛMBI, BAKIMBA, KIMPASI etc. Em primeira mão, a notícia circula por toda a aldeia. Seus antigos colegas deverão estar presentes. É uma obrigação para todos, que, em certo momento, são chamados a prestar declarações de acordo com as regras secretas das seitas. Isto acontece comumente no dia do enterro. Quem tiver problemas com o defunto aproveita também para esclarecê-los, a fim de ganhar paz e tranqüilidade, já que o morto passou a ser membro do mundo dos espíritos, e com essa condição poderá facilmente castigá-lo. Choros, enterro, debates e festa são remarcavelmente suplicatórios.
No caso de uma pessoa que, enquanto viva, exercia uma função social, tudo é diferente. Depois da difusão da notícia lúgubre por toda a aldeia, prossegue-se com a embalsamação. O sucessor é submetido a provas e definitivamente eleito. Não se pode fazer o enterro antes de conhecer os candidatos ou o eleito a suceder. Conforme as funções do morto, a sociedade inteira ou uma ínfima parte é convidada a assistir aos funerais. Normalmente, a quantidade de pessoas indica o tamanho da função que o morto teria exercido. Choros, canções, danças, gritos de alegria ou tristeza caracterizam todo esse tempo da preparação do enterro. Uma vez realizado o enterro, volta-se à aldeia, a fim de celebrar a morte com bebidas e comidas abundantes. A um certo momento, a comunidade prossegue com a “mormalização” da aldeia ou do país, ou seja, a sucessão do novo responsável.

TUTCHOKWE
ÓBITO (Extraído de “Os Tutchokwe do Nordeste de Angola de João Vicente Martins)
Só a morte dos velhos é considerada natural, ordenada pelo “Nzambi”. A morte de qualquer outra pessoa é sempre julgada obra de feitiço, de espíritos malignos ou do espírito dos mortos seus antepassados. Pode um indivíduo ser devorado por uma fera; acontece a morte ser causada pela mordedura de uma cobra ou por um raio; sucede a morte ocorrer após grave doença ou subitamente – todos estes casos serão sempre atribuídos a feitiços ou a espíritos. Mas como estes últimos nada pagam, o interesse maior, tanto para a família do falecido como para o adivinhador, é que a morte seja imputada a um membro da comunidade, a quem possam extorquir alguma coisa, já que hoje não podem liquidar os supostos feiticeiros, como faziam antigamente.
À parte alguns que já procuram remédio para os seus males nos hospitais e enfermarias do Estado ou das empresas particulares, nas aldeias, a maioria dos nativos chama o adivinho e toma as suas mézinhas. Por vezes, se a doença é grave, fazem-se “mahamba” em que o “tchimbanda”, secundado pela gente da aldeia, especialmente pela família do doente, ao som das “ngoma” e do “tchinguvu”, cantam preces aos ídolos e espíritos, aos quais imolam galináceos, cabras, ovelhas, bodes ou carneiros, para que o enfermo melhore.
Quando, porém, a doença é de morte e o adivinho-curandeiro-sacerdote vê que é impotente para curar o doente, informa a família que nada mais pode fazer, porque o doente “afwa kulu” (já morreu antes, já está morto).
Verificado o óbito, se a família entender que foi o “Nzambi” que ordenou tal morte, está tudo muito bem; de contrário, o adivinho entrará novamente em acção, a fim de descobrir qual a causa e quem foi que matou o falecido, excepto, no caso de ser chefe da aldeia, da etnia ou tribo, em idade provecta, para quem nunca o “tahi” é chamado a fim de saber quem é que o vitimou.
No caso da família querer saber a razão da morte do defunto, um dos familiares põe um prato ou qualquer outro utensílio no chão, junto da cama do morto, e diz em tom solene:

-“Ku-fwa wa-fwa” (morrer, morreste)
-“Ku-mu tu-ku-taha” (vamos proceder à adivinhação da tua morte)
-“Kanda u-sweka nganga” (Não escondas o feiticeiro)
-“Youze a-ku-loa iena” (aquele que te matou com feitiço)

O referido utensílio, sobre o qual foi feito tal juramento, é guardado a fim de que, depois do enterro do finado, possa entregar-se ao adivinho como penhor de adivinhação.

As cerimónias do enterro e da sepultura variam segundo a idade, o sexo e a categoria social do indivíduo.
Se se trata de uma criança lactante, é enterrada a cerca de um metro de distância, da parte de trás da casa, onde a mãe dormir, para que o espírito volte depressa para o útero daquela que lhe deu o ser e torne a ver a luz dia, dentro de outro corpo que esta gerará. Este é o mais simples dos enterros e não tem qualquer rito especial. Antigamente, todas as crianças mortas eram enterradas junto de uma árvore denominada “mussole” (Randia hispida).
Passados alguns dias, nunca menos de quinze, os pais vão ter com o adivinho para saber a razão da morte do filho. Então, o curandeiro vai com o casal a uma encruzilhada de caminhos, onde faz uma pequena fogueira na qual lança determinadas plantas. Entretanto, os pais da criança falecida, sentados ao pé, recebem o fumo do fogo sagrado, ao mesmo tempo que imploram aos espíritos, aos ídolos e a Nzambi, que tal morte seja afastada de seus corpos e que voltem a conceber, brevemente, outro filho. Só depois desta cerimónia podem ter relações sexuais.
Se o defunto for de idade mais avançada, mas solteiro, os ritos também são poucos; simplesmente, toda a gente da aldeia dormirá ao relento, junto das fogueiras e tomará banho depois do enterro. Aqueles que o sepultaram, depois do banho, um por um, irão cravar os dentes num tubérculo de mandioca que qualquer membro da família colocou no quarto do finado, após a morte deste.
Tratando-se de mulher ou homem casado, já há ritos especiais.
Logo que um dos cônjuges morre, o “tfuriwa”(viúvo ou viúva), segurando a cabeça do morto sobre o seu regaço, chora até que alguém retire o cadáver e lhe diga que deve ir sentar-se à porta da casa. Ali permanecerá, sem comer nem beber, até que o cônjuge morto seja enterrado. Então, o “tfuriwa” será assistido por outra pessoa do mesmo sexo, que alimentará o fogo proveniente de um só tição e no qual lhe é vedado tocar. O tição deverá ser de “muhota” (Psorospermum febrifugum), cuja casca dá uma tinta encarnada que, quando queimada, cheira mal. Este mau cheiro destina-se a afugentar, do cônjuge vivo, o espírito do morto. Para reforçar tal cheiro, são queimados, sobre o fogo do mesmo tição, de vez em quando, alguns ramos de uma planta denominada “lukotche” e resina de “mupafu”.
Imediatamente após a morte de um cônjuge, o outro terá de despojar-se de todas as vestes e adornos, e usar a “mulamba” em sua substituição. A “mulamba” é uma estreita tanga que é posta de maneira a tapar apenas o sexo . Além da “mulamba”, o viúvo ou viúva espeta na carapinha um ramo de “lukotche” para que o espírito do morto se não atreva a importuná-lo. Não poderá dormir enquanto o cadáver não for enterrado, a fim de que não sonhe com o defunto – o que poderia ocasionar-lhe doença perpétua.
Se o cônjuge morto for mulher e pertencer a outra aldeia, logo após o seu falecimento, um parente do viúvo vai avisar a família da defunta, mas sem entrar na aldeia, a fim de que não lhe batam nem o maltratem. O mensageiro leva qualquer utensílio e, ao chegar perto da aldeia natal da defunta, faz uma circunferência no caminho e ali coloca o objecto de que é portador. Em seguida, anuncia com voz forte, o mais alto de que é capaz, a razão da sua vinda, fugindo ou escondendo-se depois, para não ser espancado. Antigamente, podia até ser morto pelos parentes da defunta, se o apanhassem.
Logo que os pais da falecida chegam, acercam-se da casa onde ela está e dizem:

- “Nehe-nu Tcha ku-taria mufu” (Dai a prenda para que possamos ver a morta)

Recebida a primeira prenda, entram em casa e choram a filha até ao dia seguinte; antes do nascer do sol, pedem e é-lhes dada a prenda do enterro, de importância não inferior à primeira.
No momento em que o cadáver é levantado e transpõe a porta da casa, o viúvo ou viúva passa-lhe por baixo. Acompanhado de outra pessoa do seu sexo, de preferência em estado de viuvez, vai, em seguida, tomar banho ao ribeiro mais próximo, a fim de se purificar de tudo o que respeita ao finado.
Depois do banho purificador, o “tfuriwa” regressa à aldeia, onde recebe, das mãos de um seu familiar, uma galinha e uma conta de missanga vermelha enfiada num fio, que simula uma pulseira. Esta é metida no pulso esquerdo. Feito isto, aproxima-se dele um parente do morto, do sexo masculino, empunhando um ramo de arbustos verdes a arder, defuma o “tfuriwa”, ao mesmo tempo que pede ao espírito do falecido que não faça mal e o deixe em paz.
Terminada a prece, o viúvo entrega a galinha e a pulseira que simbolizam a morto, dizendo ao parente supracitado:

-“We-nu mufu wenu” (Tomai o vosso morto)

No enterro propriamente dito, não há qualquer rito. Simplesmente, só podem acompanhar o préstito, atrás do esquife, pessoas adultas. À frente dos dois homens que levam o cadáver, vai outro homem que, segurando um pauzinho, o atira para a sepultura, quando se encontra a poucos metros desta. E, ao mesmo tempo, diz:

- “Ngantche a-neza-ku (fulano vem aí)

Chegado à sepultura, o finado é enterrado sem mais cerimónias, quer sentado numa cadeira, quer deitado sobre o lado direito. Se for lactante, será enterrado virado para o Oriente, a fim de que o seu espírito volte depressa, tal como o Sol volta todos os dias, e encarne noutro corpo que a mãe há-de gerar. Todas as outras pessoas são enterradas com a cara virada para o Poente, para que o seu espírito atinja rapidamente o reino dos mortos e não venha atormentar os vivos. Só para os chefes de tribo ou de aldeia, o enterramento obedece a determinados requisitos. O morto, quando não é metido num caixão, é embrulhado em panos ou esteiras e apertado de encontro ao catre feito de bordão, que lhe serve de esquife. É sobre tal catre que dormirá o sono eterno.

DA VIÚVA
De acordo com J.V. Martins, ‘’’’Logo que o marido morre, ela deve segurar a cabeça dele no seu regaço e chorar até que alguém retire o cadáver junto dela e lhe diga para se sentar junto da porta da sua palhota ou casa. Ali ficará sem comer nem beber, enquanto o defunto não for enterrado.
Após o enterro do finado não poderá tocar no fogo. Outra pessoa do mesmo sexo a alimenta a ela e à fogueira, defumando-a com o fumo de plantas mal cheirosas e resinas para afugentar dela o espírito do morto. Depois de já se ter despojado de todas as suas vestes e adornos, substitui-os pela mulamba (tanga apertada para apertar apenas as partes pudendas).
Também não deverá dormir enquanto o seu defunto marido não for enterrado.
Quando o cadáver transpõe a porta da palhota e é levado para ser sepultado, a viúva deverá passar por baixo dele. E, enquanto o falecido vai ser enterrado, a viúva deverá ir tomar banho purificador ao ribeiro mais próximo, acompanhada de outra viúva ou de outra mulher, se não houver nenhum elemento feminino em estado de viuvez na povoação.

Depois do banho purificador, a viúva tem direito a regressar à aldeia do finado e a receber de um seu familiar, um galináceo e uma conta de missanga vermelha enfiada num fio e que simula uma pulseira. Esta é-lhe colocada no pulso esquerdo.

Entretanto, aproxima-se dela um parente do falecido, do sexo masculino, empunhando um ramo de arbustos verdes a arder e defuma com ele a viúva, pedindo, ao mesmo tempo, ao espírito do finado que não faça mal à viúva e a deixe em paz.

Terminada esta prece, a viúva entrega o galináceo e a pulseira que simboliza o defunto e diz ao parente deste: recebei o vosso morto. E, feito isto, a viúva fica liberta do defunto marido e do espírito deste perante a família do falecido, ficando, portanto, dissolvido o contrato do casamento.
A viúva tem direito a recolher os produtos cultivados, a cultivar as terras desbravadas, e a todos os cereais e outros armazenados e/ou em sequeiro, assim como ao trem de cozinha e todo o mobiliário existente na sua casa, onde vive com os seus filhos já que, normalmente, o chefe tinha a sua própria casa com diversos quartos, onde poderia dormir com a mulher ou, se preferisse, poderia ir dormir a casa dela. Mas, como o novo chefe muda sempre para uma nova povoação, quer a viúva seja herdada ou não, e mesmo que ela não queira ser herdada, o novo chefe é obrigado a mandar construir nova palhota ou uma nova casa para ela, se não tiver filhos, sobrinhos ou irmãos que lha construam e se quiser ficar na nova aldeia onde vive o novo chefe. De contrário, poderá regressar à aldeia do seu clã. No entanto, só poderá casar depois de passadas três luas, pelo menos, e depois de ter tido relações sexuais com qualquer homem estranho e que desconheça o seu estado de viuvez, à procura de tirar o espírito do seu ex-marido do corpo e ficar liberta dele para sempre. Ela terá de seduzir o homem a quem se entrega de forma a que ele não saiba a razão porque ela o faz. Isto porque esse homem poderá vir a ser atormentado pelo espírito do falecido que estava no corpo da viúva e que dela sai no acto sexual, se ela não deixar que o esperma do homem seduzido penetre na sua vagina. De contrário, não ficará purificada. Logo que o conseguir, tira o cordel que traz à cintura e deixá-lo-á no local do coito. Feito isto, vai imediatamente tomar banho ao ribeiro mais próximo e fica, então, apta a consorciar-se de novo com quem ela e a família quiserem. Tratando-se de pfwo rya ulo (mulher de fora), o contrato de casamento é imediatamente dissolvido e os parentes do finado são obrigados a entregá-la sã e salva na aldeia, clã ou etnia a que ela pertence.’’’’

J.V. Martins refere que ‘’’’logo que um chefe morre, é-lhe retirada a “lukosa” (pulseira de metal), que representa o “lukano”, sendo colocada numa panela de barro, juntamente com “pemba” para que esta última, que simboliza a vida, dê saúde e vida ao sucessor do chefe defunto.

A “lukosa” deve ser tirada por um homem ou, então, pela mulher mais velha da aldeia, onde ficará, até que algum caçador abata qualquer animal selvagem.

Entretanto, para que o futuro chefe possa trazer a “lukosa” para sua casa, terá que regá-la com o sangue de qualquer ave. Feito isto, coloca-a junto dos seus ídolos que estão na “tchipanga”, perto da casa, na nova aldeia.
O falecido chefe nunca é enterrado senão passados pelo menos três dias depois da sua morte, para que toda a gente da aldeia possa assistir e chorar o óbito.
Além da “lukosa”, os chefes podem usar outros distintivos que simbolizam a sua dignidade como o “tchimba” (medalha feita de osso, de marfim ou imitações destas feitas em porcelana), o “mukuali” (espécie de gládio de duplo gume), suspenso ao pescoço ou ao ombro por uma tira de pele de lontra ou de qualquer outro animal. Esta arma pode tê-la herdado ou ser-lhe oferecida pelo chefe supremo da etnia, no dia da investidura; o gládio simboliza, assim, a transmissão de todos os poderes sobre os territórios governados pelo chefe eleito.
Os chefes lundas exibem ainda os seus gorros ornamentados com caurins e missangas que o chefe supremo “Mwatianwua” lhes oferece, em troca dos “milambos” (tributos) ou de qualquer serviço prestado.’’’’

FIM DO LUTO
Acabada a última cerimónia do óbito, a viúva está livre e pode ir para a sua aldeia. Simplesmente só poderá casar novamente passadas pelo menos três luas e depois de se ter entregue a qualquer homem estranho que desconheça o seu estado. De contrário, não o conseguirá convencer, porque nenhum homem quererá ser, dali em diante, atormentado pelo espírito do morto, de que a viúva se julga possuída. Esse espírito, segundo crêem, poderá causar-lhe uma doença grave ou, mesmo, fatal.
A “tchisela” é, geralmente, um dos melhores locais para, em noites sem lua, a viúva conseguir seduzir e entregar-se a qualquer estranho, não no recinto, mas no mato. Se, por acaso, não houver “tchisela”, nos tempos mais próximos, então a viúva frequentará os caminhos, ou irá visitar uns parentes em aldeia distante, a fim de conseguir libertar-se do espírito do morto.
Rito semelhante é imposto ao viúvo, que, de igual forma, terá de seduzir uma desconhecida e com ela manter relações uma única vez; após isto poderá casar novamente ou continuar a manter relações sexuais com as suas outras mulheres se for polígamo.
Tratando-se de um viúvo, ao regressar do banho purificador, vai sentar-se perto da casa de onde saiu a morta, enquanto os sogros ou qualquer pessoa da família da defunta se lhe dirige e lhe pede:

- “Pé polo ya ku tató nyi naye” (Dá-nos uma prenda para o pai e para a mãe da morta)
- “Pé tcha ku kwata ku mutwe” (Dá-nos uma prenda por pegarmos na cabeça da morta)

Recebidas estas duas prendas, pedem em seguida:

- “Neha pembe wa Tchanda ou Thanda” (Traz a cabra para os que dormiram na rua durante o óbito)
- “Neha pembe wa ku tetela mbonzo” (Traz a cabra, para te desmanchar a palhota).

No caso do viúvo não possuir gado caprino, poderia dar dinheiro em substituição. Todos estes pagamentos eram satisfeitos, não pelo viúvo, mas por um seu familiar, posto que toda a família é sempre solidária, tanto nos lucros como nas dívidas de qualquer dos seus membros.
Recebidas todas estas prendas, a família da morta destrói a palhota do casal e põe fora da aldeia todos os materiais que a constituíam, lançando-lhes fogo.
Feito isto, a família da defunta, antes de se ir embora, pede ainda:

- “Neha tcha ku-zundula muchiku” (Traz a prenda para levar o espólio da morta).

Esta é a prenda mais pesada. Antigamente, o viúvo pagava um escravo ou uma escrava; antes de 1975 pagava, pelo menos, uma cabra, uma espingarda de pederneira ou quinhentos escudos.
Recebidas as prendas atrás referidas, um familiar da falecida pega numa “nenga” (planta herbácea limbada e cortante) e, com ela, simulando uma faca, corta ao viúvo uma pequenina madeixa de cabelo junto à testa, sem o que jamais ele poderia cortar o cabelo.
Terminado este ritual, os sogros ou família destes determinam qual a importância que o viúvo terá que pagar-lhes, pela morte da filha. Antigamente, esta dívida era saldada com dois escravos. Antes de 1975, porém, nunca era menos de dois mil escudos, seu equivalente em animais domésticos ou quaisquer outros artigos. Mas se o viúvo e sua família tiverem posses, esta importância pode ser elevada para o dobro, triplo ou quádruplo, e será liquidada sem qualquer queixume nem rebuço, pois que, ao contrário, os sogros poderão fazer-lhe feitiço e matá-lo.
Se o viúvo ou os parentes podem, a importância exigida pela família da falecida é imediatamente paga; de contrário, ser-lhe-ia paga em prestações que, por vezes, se prolongava por anos e anos. Logo que saldar tal dívida procederá à cerimónia da entrega da morta, simulada por um galo e por uma conta de missanga vermelha.
O viúvo só paga a mulher se ela for estranha à família. No caso de ser prima ou parente, nada pagará. E, muito embora se observem os mesmos ritos, as prendas eram substituídas, simbolicamente, por pauzinhos.

PESQUISADO, TRADUZIDO ADAPTADO POR:
Jitu Mungongo (Sergio Santos)

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