segunda-feira, 23 de março de 2009

O PODER DO ESQUERDO

O PODER DO ESQUERDO

Científicamente, o cérebro é divido em 2 hemisférios. Cada um dos hemisférios controla os movimentos da parte oposta do corpo. Os movimentos que fazemos com a mão esquerda, pé esquerdo e olho esquerdo são inteiramente controlados pelo hemisfério direito do cérebro.
O poder das mãos está ligado ao cérebro – pensamento/intenção, e ao coração – sentimento/amor. Portanto, as mãos podem abençoar e curar.
Naturalmente que a intenção de nossos pensamentos e sentimentos é que modera as vibrações que são irradiadas através da imposição das mãos, sobre nós mesmos ou sobre os outros.
Sabemos que a base do Universo é sustentada pelas polaridades: Yin e Yang*.
As mãos são antenas vivas, sendo ativadas pelas polaridades.
A palma da mão direita é Yang, estimulando e promovendo a força e o encorajamento. A palma da mão esquerda é Yin e tem a capacidade de acalmar as dores. E ambas as mãos produzem esses efeitos combinados sobre uma pessoa ou em nós mesmos.
Os antigos gregos e romanos consideravam o lado esquerdo inferior e profano, e nos tempos medievais, o uso da mão esquerda era associado com feitiçaria (pessoas morreram nas fogueiras da Inquisição por serem canhotas).
Na Nova Zelândia, o lado esquerdo é dedicado a demônios e ao diabo. Os muçulmanos acreditam que Alá fala às pessoas na orelha direita, e o diabo na esquerda. Na época medieval, o diabo sempre era representado com a mão esquerda estendida. Entre os índios americanos, a mão direita representa coragem e virilidade, e a mão esquerda, morte. Na China vc só pode comer com a mão direita. Na África, a mesma coisa, direito é bom, esquerdo é mau. Em alguns países, uma esposa nunca deve tocar seu marido no rosto com a mão esquerda.
Superstições sempre relacionam a esquerda com coisas ruins, infelicidade, azar, maldição, venenoso, satânico. E o direito com o que é bom e puro. É uma forma de fobia. No passado, como a mão direita sempre foi a mão dominante, a esquerda era usada para a higiene depois da defecação. Por isso, ninguém levava comida à boca com a mão esquerda, e algumas culturas até hoje consideram ofensivo cumprimentar alguém com a mão esquerda. Até mesmo entre os gaúchos, passar a cuia de chimarrão com a mão esquerda é ofensa. Entre os árabes, qualquer texto santo só pode ser tocado com a mão direita. Mães do mundo inteiro, desde cedo amarrariam as mãos esquerdas de seus bebês para os fazer destros. Quantas personalidades foram abortadas por causa disso?

Stan Gooch demonstra que existe alta proporção de canhotos entre adeptos de ciências ocultas, e atribui isso ao fato de pessoas canhotas possuírem habilidades notáveis para tais ciências, e talento fora do comum para o anti-natural. Isso provoca medo e desconfiança nas pessoas comuns, que motiva-as a isolá-los. Mas pode ser que o modelo causa-efeito esteja ao contrário. Pelo fato de a sociedade judaico-cristã e também a muçulmana, estigmatizarem os canhotos desde sempre, eles naturalmente procurariam outros caminhos, como o do ocultismo.
Pessoas canhotas são talentosas de forma desproporcional: Beethoven, Michelângelo, Rafael, Leonardo da Vinci, Goethe, Nietzsche, Picasso, entre outros eram canhotos. Quantos talentos não foram sufocados com essa fobia pelos canhotos?
Na África, colocar a mão esquerda, com os dedos dobrados dentro da mão direita é um sinal de submissão e de humildade;
Lawal, recorrendo à tradição oral, sobretudo aos versos do Ifá, para afirmar que Ilè é uma divindade feminina e que o lado esquerdo, òsì, representa o escondido, o suave, o poder espiritual feminino, enquanto o lado direito, òtun, representa a força física masculina, a rigidez (cf. um confronto entre essas duas concepções em Salum 1999: 168-170). Por isso, a mão esquerda é metaforicamente conhecida entre os iorubás como a "mão da paz" ou a "mão do segredo".32 Com esses novos dados, ele conclui que, na iconografia ògbóni, o lado esquerdo representa o feminino e o laço entre mãe e filho - e entre os "filhos da mesma mãe" (Omo Ìyá), como os membros Ògbóni costumeiramente se denominam.
A preponderância do lado esquerdo (òsì) sobre o lado direito (òtún) está representada no gestual típico Ògbóni que coloca a mão esquerda sobre a direita com os punhos cerrados e o polegar escondido. Eles saúdam Ilè fazendo esse gestual três vezes na altura do abdome, enquanto dizem uma saudação (Morton-Williams 1960: 372). Os iniciados também se cumprimentam com a mão esquerda e se movem para a esquerda enquanto dançam ao som das batidas dos àgbá (tambores) dentro do templo ou santuário ilédì (Lawal 1995: 43). as figuras masculinas seguram dois tipos de objetos; um é relacionado ao gênero masculino - um facão ou um porrete - que fica na mão direita (o lado direito é masculino para os iorubás); o outro tipo é relacionado ao gênero feminino - uma cabaça com alça ou uma espécie de bornal -, que fica na mão esquerda (lado tido como feminino);
Claude Lévi-Strauss escreveu que a oposição binária é aplicada ao parentesco, aos mitos, etc. Os símbolos não só têm sentido em função do que representam, como também estão interligados como pares que se opõem entre si (como o sol e a lua, acima e abaixo, masculino e feminino, direita e esquerda, molhado e seco).
-A dicotomia é uma característica universal da mente humana.
-O significado dos símbolos pode ser analisado através do exame dos pares simbólicos, porque formam um código muito semelhante ao da linguagem.
Etimologicamente, Òsóòsì foi fragmentado e foi traduzido por alguns para significar mão esquerda literalmente " feiticeiro " ÒSÓ-ÒSÍ. Ele é notado ser um grande mágico, com medicinas potentes feitas das folhas da floresta. O funcionamento com a esquerda ou mão esquerda alude aos poderes das bruxas, magia com negativo ou conotações malignas. Entre os yorubás, na dinastia de Oió, se fala sobre o terceiro Alafim, Segundo as tradições orais, este soberano tirânico teria sido destronado e enforcado na floresta. Uma tempestade se teria abatido sobre a cidade de Oió, manifestando a cólera e a vingança de Xangô, vingança simbolizada no trovão e no raio. Desde então, ele se tomou o orixá dos raios, trovões e tempestades. Nas cerimônias que lhe são oferecidas, os sacerdotes portam na mão esquerda uma cabaça e na outra, o bastão com uma figura feminina penteada com a imagem do "duplo machado", emblema de Xangô. Esse remete tanto às pedras de raios lançadas pelo deus durante as chuvaradas, quanto à pedra neolítica que os camponeses teriam encontrado nos campos e interpretado como um presente seu.
Este mesmo conceito se reproduz de certa forma no uso na mão esquerda do abebe, emblema que faz parte do seus paramentos, e que é também característico das ia Agbá, as mães ancestrais.
Os babalawos são tanto adivinhos quanto sacerdotes do Ifa, o Deus da adivinhação. Um babalawo consulta o Ifa através da manipulação de 16 nozes de palmeira, conhecidas como Ikin, com as quais formam uma mão cheia, e tentam pegá-las em sua mão direita. Se uma noz resta em sua mão esquerda, ele faz uma marca dupla (II) no pó de madeira, (conhecido como Iye-irosun) salpicado sobre seu tabuleiro de adivinhação, conhecido como Opon-Ifa. Se duas nozes restam, ele faz uma marca simples (I). Quatro de tais marcas feitas em uma coluna vertical constitui uma metade de uma figura, e cada metade tem 16 formas possíveis
Este mesmo conceito se reproduz de certa forma no uso na mão esquerda do abebe, emblema que faz parte do seus paramentos, e que é também característico das ia Agbá, as mães ancestrais
Robert Herz, discípulo e colaborador de Durkheim, estudou o simbolismo da mão esquerda e os seus aspectos negativos, associados ao pecado
Lembrando ainda que entre os BALUBAS o poder real o “BULOPWE” o poder real era usado no braço esquerdo, assim como entre os LUNDAS a rainha LWEJI usava o “LUKANO” (Pulseira/Símbolo do poder real) no braço esquerdo. Logo conclui-se que o lado esquerdo, a mão esquerda, são dotados de poderes e segredos, assim seguimos nosso tópico com a pergunta inicial.

Mão esquerda pode zelar?

Fiquem em paz
Jitu Mungongo

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