domingo, 2 de julho de 2017

O MITO RYANG'OMBE (LYANGOMBE)


Em uma matéria que circula pela internet intitulado “Mukulu Bantu” dá-se conta que um dos mais respeitados hamba é Mutakalombo (Rei da caça), venerado em muitos grupos da África Bantu, embora seja de tradição kimbundu, filho e herdeiro de Unhanga Ngenga e caçador apaixonado, saiu um dia à caça contra a opinião de samba, sua mãe que tinha maus presságios. De fato, morreu à luta com um búfalo. Antes tinha encarregado Kabila, seu auxiliar, de comunicar a sua mãe que ia para floresta reinar sobre os caçadores mortos como tinha reinado sobre os vivos. Transformou-se num herói a quem rendem intenso culto.
                Em África consideram-no criatura de Nzambi elevado à posição de intermediário superior, um antepassado colocado no lugar mais excelso e com poder superior de todas as outras divindades da caça.
                Os sacerdotes dos ritos da caça intentam, por uma íntima comunhão com o hamba Mutakalombo, entrar “numa família divina, numa esfera superior da existência... Pode-se assegurar que é um semi-deus, subordinado ao grande Ndala Karitanda (Nzambi)”
                                                    SIMILARIDADE
Ryang’ombe ((Lyangombe)(O comedor de Boi)) um dia foi caçar, acompanhado pelos filhos dele, Kangoro e Ruhanga, dois dos irmãos dele e vários outros imandwa. A mãe dele Nyiraryang’ombe tentou dissuadi-lo para não ir, como durante a noite prévia ela tinha tido quatro sonhos estranhos que pareciam a ela profético de mal. Ela tinha visto, primeiro, um animal pequeno e sem um rabo; em segundo os animais os animais todos de uma cor; em terceiro lugar, um fluxo que corre dois modos imediatamente; e em quarto lugar, uma menina imatura que leva um bebê sem “Ngobe” (A pele na qual uma mulher africana leva seu bebê na parte de traz dela. Os zulus chamam isto inbekko). Ela estava muito intranquila sobre esses sonhos e implorou o filho dela que ficasse em casa, mas, ao contrário da maioria dos africanos que prendem grande importância a tais coisas, ele não prestou nenhuma atenção as palavras dela e partiu. Antes que ele tivesse ido muito distante, ele matou uma lebre que, quando examinou, viu que não tinha nenhum rabo. O auxiliar pessoal dele exclamou imediatamente que isto era o cumprimento do sonho de Nyiraryang’ombe, mas Ryang’ombe só disse, “não repita as palavras de uma mulher enquanto caçamos”. Em seguida eles encontraram o segundo e terceiros presságios (O animal tudo de uma cor, era uma hiena preta), mas Ryang’ombe ainda recusou ser impressionado. Então eles avistaram uma menina jovem que levava um bebê, sem a pele habitual na qual é apoiado. Ela parou Ryang’ombe e lhe pediu que lhe desse  um “Ngobe”. Ele lhe ofereceu uma pele de um animal, depois de outro; mas ela os recusou tudo, até que ele produziu uma de pele de búfalo. Então ele disse que tinha que ter isto corretamente vestida, o qual ele fez e também lhe deu as cintas para prender. Logo após ele disse, “Leve a criança”. Ela contestou, mas cedeu, quando ela repetiu na teimosia e a pedido dela ele deu nome a criança.
Finalmente cansado de de ser importunado por ela, disse ele, “me deixe só!” e a menina apressou a sair e sumiu entre os arbusto e se tornou um búfalo. Os cachorros de Ryang’ombe, enquanto farejando o animal, deu perseguição, um depois do outro e quando eles não voltaram, ele enviou um homem, Nyarwambali, ver o que tinha restado deles. Nyarwambali voltou e informou: “Há um animal aqui que matou os cachorros”, Ryang’ombe o seguiu, achou e pulando para cima do animal derrubou e o escornou (tirou seus chifres), eis que ele estava gritando a canção dele de triunfo (que era um costume dos caçadores quando abatiam um animal perigoso),  de repente o animal se levanta e o atinge de uma maneira brutal, da mesma maneira cambaleou para trás e apoiou contra uma árvore; o búfalo se transformou em uma mulher (a referida menina) apanhou a criança e foi embora.
No mesmo momento quando ele é derrubado, uma folha manchada de sangue cai do ar no peito da mãe dele. Ela soube então que o sonho dela tinha sido na realidade uma advertência de desastre; mas aguardou uma noite e um dia para ela ouvir o que tinha acontecido. Ryang’ombe assim que percebeu ter sido ferimento mortal, chamou todo imandwa junto e falou para primeiro, com a recusa dele,  outro para ir e chamar  a mãe dele e Binego(seu filho)  um depois do outro, todos recusaram, menos seu ajudante Nkonzo, que imediatamente viajou noite e dia e foi para casa de Nyiaryang’ombe e lhe deu a notícia. Ela veio imediatamente com Binego e achou o filho dela ainda com vida. Binego após ouvir a história inteira perguntou ao pai dele em qual direção que o búfalo tinha ido tendo sido mostrado ele apressou fora, pegou a mulher e a matou com a criança, cortando ambos em pedaços, assim ele vingou o pai dele e em despedida começou a bater os cornos(chifres) um ao outro para homenageá-lo.
Tradução corrida e adapração linguista de Sergio Jitu (Jitu Mungongo)
Fonte de Referência: P. Arnoux – Anthropos – 7º e 8º volumes (1912)
Segue colaboração para pesquisa:
Esta crença se estendeu por toda áfrica banto e diverge entre os antropólogos o seguimento desta lenda/história quando alguns apuraram que Ryang’ombe pós morte fez dos vulcões sua eterna morada. A memória do povo Ruandense é de que erupções anteriores é preservada em contas de batalhas entre ele e seu inimigo Nyiragongo, espírito maligno antigo morador dos vulcões que então viveu no Monte Mikeno, onde até hoje existe um vulcão com seu nome. Outra feita é que a jovem mãe era moradora dos vulcões e esposa de Nyiragongo a qual cansada de ser maltratada pelo marido foi a procura de um ser valente que a livrasse do sofrimento, outra feita é que Ryang’ombe indo morar nos vulcões deparando com a jovem, cedeu aos seus encantos e casaram-se, me afirmo nestes relatos em busca da ajuda dos irmãos para maior aprofundamento da lenda, pois, a partir daí muitas coisas podem ser esclarecidas.
1 – Ryang’ombe era uma caçador, podemos relacioná-lo a hamba Mutakalombo(rei da caça)?
2 – A jovem mãe era moradora dos vulcões, que no culto afro-brasileiro pertence a kayongo/kayangu/kayango, podemos relacioná-la a esse espírito/Nkisi/Hamba?
3 – O culto a Ryang’ombe existe até os dias de hoje com muitos seguidores que lhe prestam homenagem acreditando na prosperidade, boa caça, boa colheita, etc. e essehamba é invocado pelos seguidores batendo em dois cornos (chifres) um com o outro que alguns “tatás” afirmam ser referência de etnia yorubana, será? E agora?
4 – Existe uma lenda yorubana entre Oxossi e Iansã que vira búfalo, será esse itan banto?
Na esperança de colaboradores peço benção de todos
Sergio Jitu (Jitu Mungongo)



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